Reiki e Enfermagem, experiências científicas
Texto de Moacir Sader do livro Torusthá, novo símbolo ensinado por Jesus

Na Revista Eletrônica “Enfermería Global”, edição de abril/2015, foi publicado um artigo de cunho científico: “O Reiki como forma terapêutica no cuidado da saúde: uma revisão narrativa da literatura”, produzido por Vera Lucia Freitag, mestranda pelo programa de Enfermagem de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade de Pelotas (UFPEL-RS), juntamente com Andressa de Andrade, Enfermeira-Mestre em Ciências da Saúde e Marcio Rossato Badke, Mestre em Enfermagem.

Buscou-se, com este ótimo trabalho, a análise de produções científicas sobre o Reiki publicadas em periódicos da área da saúde, tendo as coletas ocorridas em 2013 e baseadas na Biblioteca Virtual da Saúde, que congrega as bases de dados em ciência da saúde na América Latina e do Caribe (LILACS), em Medical Literature Analysi and Retrieval System Online (MEDLINE) e em Base de Dados da Enfermagem (BDENF).

A busca levou em conta o período de 2007 a 2012 e, como critério de inclusão, objetivou as publicações nacionais e internacionais. Como resultado, trezentos e noventa e oito artigos foram encontrados nas três bases de dados, sendo a maior quantidade, trezentos e doze, na base de dados de MEDLINE.
De todos os textos analisados, somente seis deles enquadravam-se nos critérios de inclusão adotados para a pesquisa, sendo um nacional e cinco internacionais, como resumirei a seguir.

No ano de 2008, no periódico “Clinical Journal of Oncology Nursing” foi publicado o artigo “Reiki as a clinical intervention in oncologia nursing practice”, dos autores Bossi LM, Ott MJ e De Cristofaro, que teve por base a descrição do processo do Reiki e recomendações para futuros estudos. O resultado a que os pesquisadores chegaram é que deve ser incentivada a utilização do Reiki por profissionais de enfermagem que trabalham com oncologia.

Em outro artigo, publicado em 2010 no periódico “Gastroenterology Nursing”, denominado “Endoscopic procedure with a modified Reiki intervention: a pilot study”, dos autores Hulse RS, Stuart-Shor EM e Russo J, os quais analisaram a utilização do Reiki antes da colonoscopia para reduzir a ansiedade e minimizar medicamentos “intraprocedure” comparada com cuidados habituais. Concluíram que a intervenção do Reiki reduz a frequência cardíaca média para menos de nove batimentos por minuto; a pressão arterial para dez por quatro e melhora na respiração. Além disso, concluíram que a ansiedade e a dor são reduzidas após aplicação Reikiana em pacientes submetidos à colonoscopia, não necessitando de medicação “intraprocedure”.

Em 2011, no periódico “Holístic Nursing Practice”, foi publicado o artigo “Reiki and its journey into a hospital setting” dos autores Kryak E e Vtale A que teve como propósito descrever como se dá a prática do Reiki em programa desenvolvido em uma instituição hospitalar. A conclusão dos autores foi que deve ser incentivada a utilização do Reiki enquanto prática holística, por Enfermeiros, membros da comunidade e pacientes em uma instituição hospitalar.

No artigo “Uma sessão do Reiki em Enfermeiras diagnosticadas com síndrome de Burnout tem efeitos benéficos sobre a concentração de IgA salivar e a pressão arterial”, publicado em 2011 na “Revista Latino-Americana de Enfermagem”, os autores Lourdes Díaz Rodríguez, Manuel Arroyo Morales, Irene Canterero Villanueva, Carolina Fernández Lao, Marie Polley César e Fernández de las Peñas, investigaram os efeitos imediatos na imunoglobulina A salivar e na atividade α-amilase e na pressão arterial após uma aplicação do Reiki em enfermeiras que sofrem da síndrome de Burnout (distúrbio psíquico de caráter depressivo surgido após intenso esgotamento físico e mental em consequência das atividades profissionais). Os autores concluíram que a realização de uma sessão de trinta minutos com Reiki pode melhorar de forma imediata a resposta da imunoglobulina e da pressão arterial nas pessoas com síndrome de Burnout.

Em outro artigo, também de 2011, publicado no periódico “Oncology Nursing Forum”, com o título de “Investigation of standard care versus sham Reiki placebo versus actual Reiki therapy to enhence comfort and well-being in a chemotherapy infusion center”, os autores Catlin A e Taylor Ford RL pesquisaram se o Reiki, durante a quimioterapia ambulatorial, propicia maior conforto e bem-estar. Concluíram que a utilização do Reiki foi estatisticamente significativa no aumento do conforto e bem-estar dos pacientes que receberam aplicação Reikiana, confrontado com o que ocorreu com os pacientes que receberam aplicação pelo método placebo (aplicação por quem não é Reikiano) e por aqueles que somente tiveram o tratamento padrão da quimioterapia.

Vera e os outros autores da pesquisa observaram um aumento de publicações nos últimos anos.  Uma foi em 2008, outra em 2010 e quatro publicações em 2011. Entenderam que tal ocorrência está acontecendo em virtude da premente necessidade de adequar novas práticas aos cuidados da enfermagem, visando ao atendimento integral dos pacientes.

Não é por acaso que no Brasil foi criado o PNPIC, Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares pelo Ministério da Saúde. Destaca-se ainda que o Conselho Federal de Enfermagem, através da Resolução 197/1997, reconheceu as terapias alternativas e complementares como especialidades e qualificação profissional, terapias essas originadas em sua maioria de culturas orientais e repassadas de geração a geração. Lamenta-se, contudo, que esta Resolução tenha sido revogada em 2015.

O belo trabalho, em destaque, concluiu que “a prática do Reiki foi efetiva na diminuição da ansiedade e da intensidade da dor em várias situações, bem como diminuição dos índices pressóricos dos sujeitos analisados e aumento das células imunológicas. Dos seis artigos analisados, apenas um não apresentou resultado significativo para o Reiki”.
Os resultados positivos com o Reiki, segundo os autores, “sugerem que esta terapia, enquanto uma modalidade complementar, não invasiva, pode beneficiar pessoas submetidas a exames e tratamentos como colonoscopia, quimioterapia, pacientes oncológicos e pessoas com síndrome de Burnout”.

Defenderam que “a prática do Reiki atende aos anseios de uma atuação holística baseada na visão integral do ser humano, comumente relatada na literatura, pois, que agrega novas formas de cuidar às necessidades da população e efetiva o dever social dos profissionais da saúde, em especial, o Enfermeiro, pois, além de se auto-tratar, é uma ferramenta essencial para o cuidado em enfermagem”.

O que os pesquisadores desejam e, nós também, é que “mais estudos sejam feitos e publicados comprovando, assim, a eficácia desta terapia, validando-a enquanto terapia complementar e indo ao encontro do que é preconizado pelos princípios da PNPIC do Ministério da Saúde”, quais sejam: conhecer, apoiar, incorporar e implementar experiências que vêm sendo desenvolvidas na rede pública de muitos Estados e Municípios concernentes às terapias alternativas ou integrativas.

O cuidado especial, de forma holística, é próprio do profissional de Enfermagem, o que faz com que as terapias alternativas, e no caso o Reiki, esteja naturalmente tão ligado a esses profissionais, em face da empatia, solidariedade e compaixão que sentem por seus pacientes, tal como acontece com os Reikianos ao atenderem seus clientes.

Em outro artigo da mesma autora citada, Vera Lucia Freitag, com os mesmo co-autores (Marcio Rossato Badlke e Andressa de Andrade), agora com a participação de Indiana Sartori Damalin, publicado na “Revista Texto e Contexto” intitulado “Benefícios do Reiki em população idosa com dor crônica”, tem-se uma análise criteriosa e de cunho científico comprovando o quanto o Reiki é efetivo na melhoria das condições da saúde, além do foco específico, que foi a redução da dor crônica.

O objetivo da pesquisa visou identificar e analisar os efeitos do Reiki em pessoas idosas com dor crônica não-oncológica. Para tanto, foram escolhidos dez idosos, cinco homens e cinco mulheres, entre sessenta e oitenta anos e submetidos a cinco sessões do Reiki com aplicação em cinco dias seguidos entre julho e agosto de 2012, por uma Reikiana, acadêmica de enfermagem.

Cada sessão teve a duração de uma hora, com aplicação nas catorze posições: quatro da cabeça, quatro da frente, quatro da região das costas e duas das posições dos pés, rito empregado para a aplicação nos dez voluntários em seus locais de encontros rotineiros, porém, em sala restrita.


Além da aplicação do Reiki, foram coletados dados sobre os idosos, tudo gravado e, posteriormente, transcritos na íntegra.

Para a mensuração da intensidade da dor, foi utilizada uma escala em que o paciente qualificava a experiência da dor de: nenhuma dor, dor leve, dor moderada, dor forte, dor insuportável e pior dor possível.

Esta escala foi utilizada antes e após as cinco sessões do Reiki e o resultado apresentou-se magnífico. Dois dos idosos disseram não mais sentir nenhuma dor, embora antes da aplicação, um sentisse dor forte e outra dor moderada. Quatro que sentiam dor moderada passaram a sentir dor leve. Um paciente que antes tinha dor moderada passou a sentir nenhuma dor. Dois outros que sentiam dor forte passaram a sentir apenas dor leve. Um idoso com dor forte passou a nenhuma dor. Outro que antes sentia dor insuportável passou a dor leve e somente um demonstrou não sentir melhora.

A equipe de pesquisa pôde verificar, a partir da análise qualitativa do que fora relatado pelos idosos, após receberem as aplicações do Reiki que, efetivamente, a terapia Reikiana atua no alívio da dor crônica e, ainda, proporciona bem-estar físico e psicológico aos pacientes, ocorrendo comprovada alteração fisiológica com a aplicação de Reiki.
Relataram os idosos que além da redução ou eliminação das dores, passaram a ter bom padrão de sono, facilidade na execução das tarefas diárias, melhoria nos níveis de estresse e da ansiedade, mudança nos processos de pensamento e bom humor.

Ocorreu, em consequência, melhoria na qualidade de vida dos idosos participantes da experiência, submetidos à aplicação do Reiki, uma vez que o Reiki não somente se mostrou curativo da dor, mas, igualmente, harmonizador, por atuar na causa do problema, equilibrando corpo, mente e espírito gerando, ainda, a redução de ingestão de medicamentos alopáticos, tal como já ocorreu em experiências realizadas em hospitais dos Estados Unidos da América.

Outro estudo buscou avaliar se o Reiki poderia produzir alterações psicofisiológicas em idosos com sintomas de estresse. Para este objetivo, um grupo de voluntários recebeu aplicação do Reiki e, outro grupo, aplicação placebo, ou seja, aplicação por imposição das mãos por quem não é Reikiano. Este apenas imitava os procedimentos feitos pelo Reikiano. O resultado indicou a ocorrência de alterações psicofisiológicas com significativa redução do estresse somente naqueles que receberam aplicação de um terapeuta Reikiano.

Em outra pesquisa, com objetivo de analisar os efeitos de profissionais de enfermagem com atuação em UTI após aplicação do Reiki, verificou-se que os Enfermeiros relataram ter o Reiki ajudado no equilíbrio emocional, entre outros aspectos positivos.

Quanto à pesquisa com os idosos, Vera e os analistas perceberam, em face dos depoimentos dos voluntários, ter ocorrido ativação da energia, alívio das dores, relaxamento corporal e diminuição da ansiedade. Oito dos dez participantes dormiram durante algum tempo na aplicação do Reiki e todos se sentiram sonolentos e mais serenos ao término de cada sessão.

Os pesquisadores concluíram que “a utilização de práticas complementares em saúde representa meios de demonstrar autonomia profissional em todas as formas de atuação, possibilitando a agregação de conhecimentos sobre situações culturais, econômicas e biopsicossociais em que se encontra o sujeito cuidado. Em se tratando de idosos, as práticas complementares podem garantir maior convivência social e melhora da autoestima, incentivando para realização das atividades cotidianas, aspectos que, na maioria das vezes, tornam-se esquecidos no contexto da vida dessas pessoas”.

Os pesquisadores, no que tange aos idosos analisados, concluíram que “logo após as cinco sessões do Reiki percebeu-se através dos relatos dos sujeitos, melhora significativa nas queixas das dores crônicas, além da contribuição para o equilíbrio das necessidades físicas, mentais, emocionais e espirituais dos idosos”.

Vemos, portanto, em mais esta pesquisa, o quanto o Reiki se apresenta eficiente e o quanto é relevante que mais profissionais, especificamente da área médica, estudem e documentem as suas conclusões, como foi o caso das pesquisas referidas e a experiência com os idosos, para a qual houve cuidadosa condução ética durante o processo, tendo sido registrada no Gabinete de Projetos da Universidade Federal de Santa Maria, após aprovação pelo Comitê de Ética de Pesquisa daquela Universidade.

Luz, amor e conhecimento.

Moacir Sader
Mestre de Reiki Usui, Karuna e da Chama Violeta