Evangelhos Apócrifos
Artigo de Moacir Sader
Nos romances Conspiração Interdimensional e Conspiração Interdimensional 2 - Libertação, o caro leitor se depara com a evidência de a história espiritual terrena, tal como é conhecida pela maioria, não corresponder à verdade. O romance vem desnudar questões envolvendo a dimensão tridimensional e outras dimensões superiores. Essa comunicação de esferas elevadas e outras acontecidas em vários locais do planeta são explicadas porque chegou o tempo de as verdades florescerem sem barreiras, enfim.
No sentido histórico, a realidade sobre o cristianismo começou a vir à tona de modo importante com as descobertas, a partir de 1945, de alguns evangelhos deixados fora da Bíblia e tidos como apócrifos.
Por que esse marco histórico se apresenta de modo significativo? Foi a partir das descobertas desses evangelhos, cuja existência já era documentada, que se pôde comprovar que o Jesus real não era exatamente aquele até então conhecido oficialmente e que o verdadeiro estivera realmente na Terra em missão de amor e de ajuda espiritual; porém, os seus ensinamentos, conhecidos há dois mil anos, tinham sido distorcidos para dar lugar a outros enfoques, infelizmente voltados, muitos deles, para interesses essencialmente mundanos.
Nessa contextualização, tal como está inserido no meu livro Viagem à cidade espiritual de Necanerom e fruto de encontro astral meu com Jesus, Ele falou exatamente isso, que os seus conhecimentos compartilhados, enquanto esteve encarnado entre nós, foram indevidamente alterados.
Isso que me foi dito por Jesus no encontro astral está explicitamente colocado nos romances Conspiração Interdimensional 1 e 2 e começou a ter fortes evidências em face dos conteúdos dos evangelhos apócrifos, cuja revelação em massa de mensagens encontradas nesses antigos textos leva à conclusão de que é chegada, evidentemente, a época de se desvendar o que é real, fatos e conhecimentos há séculos encobertos.
Assim, é fácil concluir que a Bíblia não contempla todas as verdades espirituais, nem históricas, uma vez que existiram bem mais evangelhos sobre o cristianismo em relação àqueles insertos como evangelhos oficiais (Marcos, João, Lucas e Mateus).
A manipulação ocorrida tem uma clara razão de ser. Foi por volta do ano 327 depois de Cristo, que o imperador romano, Constantino, a partir do Concílio de Nicéia, compilou as principais tendências religiosas existentes nos três primeiros séculos, fazendo nascer daí o cristianismo tal como ele é hoje conhecido, quando foram escolhidos os textos que comporiam a Bíblia, tendo ficado de fora, ao que se sabe, pelo menos sessenta outros evangelhos cristãos.
A decisão de Constantino, ao que parece, foi explicitamente política e não de cunho religioso. Ele sabia que, compilando as principais visões das diversas religiões da época, acabaria por unir todo império romano, o qual se encontrava bem dividido, situação geradora de risco ao seu poder imperial.
Com essa perspectiva de realizar fusões de conceitos religiosos ou espirituais, notadamente ligados aos adoradores de deuses pagãos, foram buscados elementos importantes de cada corrente das primitivas religiões, com a finalidade de sensibilizar os seus seguidores. Assim, só para se ter uma ideia da influência sofrida das diversas vertentes religiosas, da corrente religiosa adoradora de Mitra, foi inspirada a ideia da morte em sacrifício e da ressurreição ao terceiro dia, tal como teria acontecido com aquele deus pagão. Da vertente religiosa que tinha Isis como deusa, Constantino e o Concílio de Nicéia retiraram a ideia da virgem Maria e a idealização da família sagrada (José, Maria e Jesus). A família de Jesus, tal como idealizada, tem sido claramente contestada por historiadores das religiões, uma vez que José possuía filhos de seu primeiro casamento e também acabou tendo outros filhos com Maria, além de Jesus.
Com relação aos evangelhos não contemplados oficialmente, estes precisavam ser destruídos pela cúpula do então cristianismo criado por Constantino, tendo ocorrido verdadeira caça e destruição de inúmeros deles. Muitos foram queimados por se oporem frontalmente às bases do cristianismo convencionado em termos oficiais.
O decreto assinado pelo Papa Gelásio, cujo papado foi de 492 a 496, quando faleceu, continha uma lista de dezenas livros apócrifos do Segundo Testamento, os quais deveriam ser evitados pelos cristãos e destruídos, o que, lamentavelmente, aconteceu com a maioria deles. Daí, a importância histórica de se encontrar alguns evangelhos que conseguiram sobreviver à intensa perseguição, tais como o de Maria Madalena e o de Judas, além de outros, resguardados, certamente por forças astrais, tendo sido milagrosamente escondidos para no futuro serem, enfim, revelados a todos, tal como vem ocorrendo no momento histórico terreno.
Em 2006, os cristãos foram surpreendidos com a divulgação, em diversos países, pela emissora de televisão a cabo “National Geographic”, do evangelho segundo Judas, após ter este ficado desaparecido por cerca de 1700 anos. A sua existência já havia sido confirmada, historicamente, por Irineu, primeiro bispo de Lyon, na metade do século II, quando o denunciou por heresia.
Contendo 26 páginas em papiro, transcrito de um texto ainda mais antigo, o evangelho de Judas está escrito em dialeto copta (do antigo Egito). Os textos do evangelho de Judas foram autenticados por especialistas após a realização de rigorosos testes, concluindo-se que sejam textos efetivamente oriundos do século III, tendo sido encadernados em couro, ficando desaparecido desde então até que, em 1970, foi descoberto no deserto egípcio de El Minya.
Passado nas mãos de diversos vendedores de antiguidades, o evangelho de Judas acabou chegando à Europa e, mais tarde, aos Estados Unidos, permanecendo no cofre de um banco de Long Island por 16 anos, o que levou a sua deterioração em cerca de trinta por cento. Em 2000, ele foi comprado por um antiquário suíço que, preocupado com a sua deterioração, entregou-o, em fevereiro de 2001, à fundação suíça Maecenas Foundation for Anciente Art, com o objetivo de sua adequada preservação e para que pudesse ser traduzido. Depois de restaurado, a análise e tradução ficaram a cargo do professor Rudolf Kasser, da Universidade de Genebra. O seu destino depois seria o museu do Cairo.
Contestando a versão dos quatro Evangelhos bíblicos, o de Judas torna evidente que não aconteceu a tão propalada traição dele a Jesus, mas, que a atitude de Judas de entregá-Lo aos Romanos foi em decorrência de pedido feito pelo próprio Jesus. Judas deveria agir dessa forma para que o espírito de Jesus fosse libertado da vestimenta corpórea, conforme consta em uma passagem do seu evangelho:
Você superará todos eles. Você sacrificará o homem que me cobriu.
E cumprindo o que lhe foi pedido, Judas “traiu”, entregando Jesus aos soldados imperiais com um beijo, como se pode ver na pintura de Michelangelo Caravaggio, criada em 1602.
Essa versão da história contada no evangelho segundo Judas de que a traição foi uma representação pedida por Jesus pode, a princípio, parecer sem sentido; entretanto, certo é que Jesus detinha em seu íntimo clara missão a ser cumprida e como os fatos deveriam desenrolar-se. Além disso, é preciso considerar que o Jesus dos evangelhos apócrifos se apresenta bem diferente daquele Jesus inserto na Bíblia.
O Jesus esotérico dos textos não bíblicos transmitiu aos seus discípulos conhecimentos bem mais complexos que os divulgados pelo cristianismo oficial. Como exemplo de ensinamentos mais profundos, veja a surpreendente resposta de Jesus ao questionamento de um de seus discípulos:
- Mestre, onde você foi e o que fez quando nos deixou?
- Eu fui para outra grande e santa geração.
Com esse diálogo, ainda mais confirmado pelos textos que se seguiram também do evangelho de Judas, Jesus quis enfatizar que esteve em outra dimensão, provavelmente em viagem extracorpórea, embora não tenha sido explicitada a maneira pela qual se utilizou para ir a outro local dimensional.
Ainda sobre o tema ligado à traição a pedido, é encontrada em seu evangelho a passagem em que Judas comenta com Jesus sobre uma visão que teve mostrando o conceito ruim dos demais apóstolos para com ele, em razão de seu ato de entregá-Lo aos Romanos:
Na visão, eu vi como os onze discípulos estavam me apedrejando e perseguindo severamente (...) também fui para um lugar (...) vi uma casa (...) meus olhos não puderam compreender o seu tamanho...
E Jesus lhe respondeu:
Nenhuma pessoa de nascimento mortal é merecedora de entrar na casa que você viu. Aquele lugar é reservado para os santos (...) Você superará todos eles {os discípulos} Você sacrificará o homem que me cobriu (...) Erga para cima seus olhos, veja a nuvem e a luz dentro dela e as estrelas que a cercam. A estrela que conduz é a sua estrela. Judas ergueu para cima os olhos e viu a nuvem luminosa (...) e ouviu uma voz vinda da nuvem... (o texto sobre voz foi perdido em virtude da deterioração do pergaminho).
Esse local visto na imagem mostrada a Judas é de alguma dimensão bem elevada. Sabe-se hoje que existe entre tantos níveis dimensionais um que, de tão elevado, é conhecido como sendo a dimensão dos santos, tal como foi mencionado por Jesus na Sua fala acima reproduzida.
Com os textos citados, fica evidenciado que não se pode falar em traição de Judas, mas, em verdade, de cumprimento do que lhe fora pedido pelo Mestre em virtude dos planos espirituais superiores.
Registro aqui que, intuitivamente, desde muito jovem, eu não via Judas como traidor e, sim, como personagem importante de um cenário necessário. Por essa razão, ao conhecer as passagens do evangelho segundo Judas não fiquei surpreso, apenas, senti grata confirmação daquilo que já vivenciava em meu íntimo desde criança.
A partir da descoberta, em 1945, dos evangelhos de Tomé e Maria Madalena, outros textos apócrifos têm sido difundidos ultimamente, gerando polêmicas sérias sobre o real enfoque espiritual. Entre eles, destaco o de Maria Madalena, embora tida com prostituta, foi, em verdade, a discípula mais próxima de Jesus em todos os sentidos, em especial, na captação de seus ensinamentos espirituais mais profundos.
Cito, a seguir, algumas passagens do evangelho segundo Maria Madalena, as quais apresentam visões especiais sobre a espiritualidade mais elevada ensinada pelo Mestre Jesus.
Inicialmente, vale menção ao enfoque da unidade, pois, tudo se interliga, sendo, por conseguinte, necessário se viver em harmonia com todos, porque os seres estão interligados, cada um é importante componente do todo. Assim, Jesus disse:
Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras e separar-se-ão novamente em sua própria origem. Pois, a essência da matéria somente separar-se-á de novo em sua própria essência.
No que se refere aos pecados, importante visão está evidenciada no evangelho de Maria Madalena, visto que os pecados (ações e sentimentos negativos), segundo Jesus, são criações do homem, levando-o a sair do equilíbrio, gerando, em consequência, doenças e morte. Sobre esse importante enfoque, tão comum atualmente entre os terapeutas holísticos, Jesus ensinou:
Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado “pecado”. Por isso adoeceis e morreis [...]. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la à sua origem. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem e, se estiverdes desanimados, procurai força nas diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça.
Sobre a espiritualidade, Jesus enfatizou explicitamente ao dizer que esta precisa ser buscada no interior de cada um. É no íntimo do ser que se encontra a presença divina, que deve ser alcançada e vivida plenamente. Nesse sentido, Jesus falou, alertando para que não fosse ensinado nada diferente do que ele mostrou:
Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: Por aqui ou por lá, pois, o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas.
No final da citação, pode-se ver que Jesus alertou aos seus discípulos, antevendo os fatos que acabariam dominando as religiões do futuro, que não ensinassem nada além do que Ele havia mostrado aos discípulos.
Com o mesmo enfoque de busca interior da espiritualidade, encontra-se uma passagem em outro evangelho apócrifo (segundo Tomé), através da qual Jesus ensinou que:
O reino está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sois os filhos do Pai vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza.
Esses ensinamentos, encontrados no evangelho de Maria Madalena e de Tomé constituem-se, essencialmente, na base dos estudos difundidos pelos espiritualistas, os quais enfocam a necessidade de se buscar a evolução espiritual no interior de cada ser, procurando a presença divina e tornando-se una com ela.
O mais importante, a meu ver, sobre os evangelhos chamados apócrifos, é que eles vieram enfocar outra forma de viver a espiritualidade, desapegada de rituais e crenças, mas, vivenciada no interior de cada pessoa, com reflexo nos comportamentos externos, em todos os lugares, principalmente fora dos templos, tal como foi a prática da espiritualidade levada a efeito por Jesus enquanto ser terreno.
Contudo, entendo justo ter chegado o momento para que seja revelado, também, o amor maravilhoso vivenciado por Jesus e Maria Madalena. Esse amor dual em nada os desvaloriza, enfatiza, isso sim, a bela forma de amar a dois, sem qualquer comprometimento de suas atividades espirituais. Pelo contrário, a interligação desse amor contribuiu para a manifestação espiritual do amor incondicional por todos.
No site da revista Veja, em 2012, saiu divulgação enfatizando nova descoberta de manuscrito antigo sobre Jesus e Maria Madalena, no qual Jesus diz claramente que ela é sua mulher, conforme está tratado no livro Amor & Conhecimento.
Os textos apócrifos, como vistos, vieram mostrar uma nova visão de Jesus, um ser espiritual ainda mais elevado, oriundo de sublime dimensão astral e com mais sabedoria e conhecimento, o que causa alegria e felicidade por sua amorosa presença terrena.
Luz, amor e conhecimento.
Moacir Sader
Mestre de Reiki Usui, Karuna e da Chama Violeta